segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ode à Pingo

Quinze anos depois ele segue a mesma rotina. O tempo parece que parou naqueles metros quadrados onde lava caminhões e conserta pneus. A simplicidade do seu dia-dia é a mesma de suas vestes.

Pingo é o nome dele. Não imagino desde quando trabalha ali, mas agora, olhando pela janela do carro enquanto abasteço, percebo que para ele, o tempo não passou. A rotina e os afazeres são os mesmos. Até a expressão sofrida daquele rosto segue inalterada.

Passei minha infância transitando naquele posto de combustíveis. Ora para atalhar caminho para ir ao supermercado, ora para calibrar minha bola de futebol ou ainda buscar um litro de gasolina para limpar as peças da minha bicicleta.

Pingo sempre brincava comigo. A rivalidade grenal era motivo para piadas e brincadeiras. Quase duas décadas depois não sou mais aquela criança. Observo Pingo de longe e reflito por alguns instantes. Percebo que muita coisa mudou na minha vida, mas não na dele. O tempo passou. A bicicleta está enferrujada. A bola murchou. O mercado fechou. Mas Pingo segue lá, imune e alheio à sina implacável do relógio.

Saudades da minha infância. Nostalgia das tardes de diversão e total liberdade, onde minha única responsabilidade era ser feliz. Velho Pingo, que o tempo conserve a ti e as minhas saudosas memórias.

2 comentários:

  1. de uma sensibilidade incrível. lindo mesmo!

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  2. Tá escrevendo bem mesmo Araponga. Parabens. Em tempo: será que o Pingo entenderia esse texto?
    Guilherme Cé.

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