segunda-feira, 28 de junho de 2010

As musas

De que matéria são feitas as musas? Mulheres que inspiram e enlouquecem os homens desavisados de seus perfis sinuosos e tentadores. Fontes indispensáveis àqueles que necessitam expressar a subjetividade dos sentimentos humanos.

Como arriscar desvendar o mistério que se esconde no âmago de uma musa? Impossível. Elas são indecifráveis e devoram-nos sem ao menos conceder uma chance. São um composto alquímico de ternura, fascínio e sedução.

Inexplicavelmente se instalam no coração e na alma de um homem como se uma doença incurável fossem. E talvez sejam.

Musas...criaturas que Deus espalha pelo universo, como constantes
fontes da juventude, permanentemente a postos daqueles que ousam desfrutá-las. Com uma mão servem toda graça de seu charme; com outra, se apoderam do coração inocente que se arrisca nas curvas enigmáticas de seus sorrisos. O olhar de uma musa fica indelevelmente registrado na memória do incauto que o fitar. Atormentá-lo-á diuturnamente, provocando-lhe delírios em plena luz do dia ou na mais profunda noite de sono.

O homem embebido pelo deleite de uma musa vive numa sintonia diferente dos demais; a musa lhe revigora e o faz sentir o mundo em outra vibração. O descompasso do coração estremece o corpo, que reverbera até a ponta das mãos. Os dedos transformam essa energia misteriosa em devaneios; pintam, escrevem, enlouquecem.

A atenção que uma musa dispensa a um homem equivale ao canto de uma sereia, a uma dose de morfina. Musas têm Ph volátil. Ora são ácidas e nos corroem sem piedade; Noutra, neutralizam todas nossas angústias e equilibram essa complexa rotina; Mas uma musa jamais tem Ph neutro. Não é de sua natureza a impassividade. Involuntariamente são ativas. Pobre do corpo que absorve esse coquetel de encantamento; os poros são entupidos dessa onda invisível de delírio e o metaboliza, bombando para todo organismo a tragédia em forma de graça e poesia.

Uma musa jamais age movida pela crueldade. A malícia de seus trejeitos, a cor cintilante de sua voz ou a inesquecível textura de sua pele são inerentes a sua própria vontade. Se manifestam à revelia de sua intenção e explodem para o universo, livres como cabelos soltos ao vento num entardecer de outono.

Mas feliz do homem que consegue cativar sua musa. Quando ela se vê refletida de forma tão eficiente na expressão desse homem, encanta-se pela forma ainda mais bela de sua própria beleza, ficando igualmente enfeitiçada e ainda mais bela. A constante reflexão dessas energias cria um dínamo eterno de paixão, encantamento e psicose.

Uma loucura deliciosamente fora de controle.

“Comigo a anatomia se vê louca. Sou todo coração”.
Maiakovski

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Tô dentro!


Comecei bem a semana. Fiquei sabendo por amigos que meu nome estava na ZH dominical...Sou um dos 10 finalistas do concurso 'Primeira Pauta'. Próxima 'peneira' será através de uma reportagem acompanhando um grupo de torcedores brasileiros durante um dos jogos da seleção na primeira fase da Copa. Ficar entre os 10 já valeu a inscrição, mas bora lá...
Abaixo, o texto que enviei para concorrer e depois a matéria da ZH de 13/06/2010:


O que você espera de um jornal?

Num tempo em que somos bombardeados por informações de todos os lados e por todos os meios, espero que um jornal tenha a capacidade de me surpreender e me levar à reflexão. Por surpresa não me refiro à possibilidade de dar 'furos' todos os dias, mas sim, trazer um novo ângulo sobre uma notícia; aprofundar um fato; explorar o ponto de vista inusitado sobre o acontecimento. O caso do mendigo prateado foi exemplar: o jornalista José Luis Costa obteve a façanha de trazer todas as informações e ao mesmo tempo aprofundar a notícia como nenhum outro veículo fez. A reportagem me informou, mas também me provocou revolta e indignação sobre o fato. É isso que espero de um jornal; que as informações não sejam simplesmente repassadas, mas carreguem o sentimento de quem a presenciou e, assim, aproximem leitor do fato, inspirando indignação ou regozijo. A notícia e o tratamento que um jornal lhe dá precisam ir além do 'fazer saber'. Deve necessariamente instigar a reflexão sobre o mundo em que vivemos.

Esse jornal não pode deixar dúvidas sobre seu posicionamento na sociedade, encampando lutas e campanhas, criticando os excessos dos homens públicos, sempre proporcionando isonomia na abordagem de temas polêmicos.

Espero que um jornal me informe, mas também me forme: desejo ser um cidadão com caráter, uma pessoa com opinião e posicionamento definido, capaz de debater e defender pontos de vista. Assim, espero que esse jornal me dê subsídios para sustentar meus argumentos e ser uma pessoa convicta de meus conceitos.

ZH - 13/06/2010

Primeira Pauta divulga nomes dos 10 finalistas

Projeto promovido por ZH vai escolher estudante de Jornalismo para acompanhar reportagemDez futuros jornalistas do Estado estão mais próximos de realizar o sonho de todo aspirante a repórter: participar de uma grande reportagem. Em sua segunda edição, o concurso cultural Primeira Pauta selecionará um estudante de Jornalismo que participará de todas as etapas de uma reportagem: da discussão do tema à publicação. Os finalistas já foram escolhidos.

Nesta etapa do concurso, os 10 selecionados deverão escrever um texto com o seguinte tema: “Acompanhe um dos três jogos da Seleção Brasileira na primeira fase da Copa do Mundo junto a uma torcida – pode ser com a família, amigos, num bar, num local público – e descreva essa experiência. Imagine que esse texto seria publicado junto à cobertura de Zero Hora no dia seguinte ao jogo”. Para complementar, o estudante também pode enviar fotos e vídeos. O resultado será divulgado na edição de Zero Hora do dia 8 de agosto e no site www.zerohora.com

Assim como ocorreu com a estudante Mariana Müller, 21 anos, vencedora do ano passado, o selecionado terá a oportunidade de conhecer todas as etapas de elaboração de uma reportagem: da definição da pauta, quando as ideias são confrontadas, ao trabalho de campo, que é a parte que envolve a aventura e a emoção de conhecer lugares e pessoas, à escolha das fotografias, a redação e edição dos textos para o jornal impresso e online.

Além da observação da equipe em campo, o universitário relatará suas experiências em forma de diário, publicado com a reportagem de ZH.

Os selecionados
Confira o nome dos 10 selecionados na primeira etapa:
- 1 - Álvaro Andrade
(Porto Alegre)

- 2 - Andressa Fordie Pazzini
(São Leopoldo)
- 3 - Caroline Polonio Torterola
(Porto Alegre)
- 4 - Emilia de Moura
(Passo Fundo)
- 5 - Gabriela Simoni da Silva
(Sapiranga)
- 6 - Gislaine A.M. Monteiro
(Novo Hamburgo)
- 7 - Marilei Pessatti
(Soledade)
- 8 - Mateus Andrighetto Tamiozzo
(Ijuí)
- 9 - Pricilla Farina Soares
(São Lourenço do Sul)
- 10 - Thiago Tieze
(Porto Alegre)

A PARTIR DE AGORA NOVA ETAPA

- Os 10 selecionados terão de escrever um novo texto, com o seguinte tema: “Acompanhe um dos três jogos da Seleção Brasileira na primeira fase da Copa do Mundo junto a uma torcida – pode ser com a família, amigos, num bar, num local público – e descreva essa experiência. Imagine que esse texto seria publicado junto à cobertura de Zero Hora no dia seguinte ao jogo”. Além do texto, de 1,8 mil caracteres, você pode enviar fotos e vídeos para complementá-lo.

COMO ENVIAR
- Seu texto deverá ser enviado até as 23h59min do dia 30 de junho, por e-mail, para geral@zerohora.com.br, com o título “Primeira Pauta 2010”. Os textos deverão ter no máximo 1,8 mil caracteres.
JULGAMENTO
- Os critérios para a escolha serão criatividade, originalidade, adequação ao tema proposto, objetividade, qualidade jornalística do texto e desenvolvimento lógico.
ÚLTIMA FASE
- Entre os 10 textos, cinco serão escolhidos para a última etapa do concurso cultural. Os nomes dos classificados serão divulgados na edição de Zero Hora do dia 18 de julho. Os estudantes selecionados ainda participarão de uma prova de texto e de uma entrevista com repórteres e editores na Redação do jornal.
RESULTADO
- O resultado final será conhecido em 8 de agosto

quarta-feira, 9 de junho de 2010

A graça e a tragédia do existir

Quando meu coração dispara, minha pulsação vibra na veia mais espessa
do meu pescoço e não sei mais o que fazer, me pergunto:

- que realidade é essa.?
(suspiro fundo)

Nesse momento experimento uma mistura de euforia com intensa
confusão mental.

Uma ezquisofrenia existencial.

Estar aqui, sentir dessa forma. Pessoas, relacionamentos, sonhos, lutas e ilusões.
A vida é subjetividade pura.

Nada é permanente, perene, eterno, duro,
completamente verdadeiro e verdadeiramente puro.

Cada um carrega um universo próprio,
criado a partir de si, da sua visão e convicção.

Para uns verde-água é azul claro; outros juram que é contrário.
Sem falar nos teimosos e nos daltônicos...

Cada pessoa desenvolve um imaginário próprio sobre a realidade que o cerca.
Bem verdade, que muitas coisas são absorvidas do imaginário coletivo,
mas cada detalhe que compõe cada molécula da matéria

é observado,
julgado,
entendido
e construído

sob
um olhar i n d i v i d u a l das infinitas pessoas que vivem nesse planeta.

Então temos milhares de universos individuais que precisam conviver em harmonia.

E essa é a paranóia.

Meu mundo, desejado e acalentado em cada ato da minha vida, jamais será.

Ele não pode existir porque ao se chocar com outros corpos precisará

modificar-se.

Volto à subjetividade do ser humano.

O livre arbítrio e a capacidade de sentir são ao mesmo tempo
os maiores flagelos e melhores prazeres da existência.

O próximo segundo sempre será inédito e acontecerá
de acordo com o que você quiser e de o que você sentir.

Taí graça e a tragédia desse delírio que é viver.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aonde vai chegar assim?

Que tenho alma de velho, todo mundo já percebeu. Gosto de vinho, vinil e morro de saudades da minha infância, mesmo que ela tenha acabado há pouco anos. Sou saudosista desde que saí do útero da dona Denise.

Mas percebo que meu corpo também envelhece. E tudo isso em pouco tempo: a rotina sedentária adotada em função do trabalho cobra seu preço.

Comunicação.

Quem lida com ela sabe que o meio é altamente estressante. Ansioso que sou por natureza, noto no organismo a deterioração daquilo que deveria ser mais precioso na existência: a preservação da saúde e do bem estar humano. Corpo e espírito foram deixados de lado. Só cumpro as necessidades fisiológicas básicas a sobrevivência.

Estresse, pouco sono, má alimentação e a inevitável boemia: quilos na balança, dores no corpo e acúmulo silencioso de problemas futuros. Num mundo cada vez mais instantâneo, desconectar-se da sociedade da informação é impossível, ainda mais para quem justamente trabalha com informação. Não há mais jornada de trabalho, estamos 24 horas ligados no que acontece. Tudo para não corrermos o risco de ficar para trás.

E quem não se compromete, não tem futuro. É preciso estar disponível full time.

Mas onde isso vai nos levar? Que sonhos serão conquistados a partir de tantos sacrifícios? Vale a pena toda essa dedicação em nome da realização profissional e pessoal?

Tenho me feito estes questionamentos. Vejo colegas que assim como eu, tão jovens que somos, já imersos numa rotina massacrante. Em nome da dita realização profissional até os ideais e valores são deixados de lado. Mas a preço de quê mesmo?

Não seria muito mais proveitoso para um ideal de existência evolutiva dedicar minha vida a algo mais nobre do que trabalhar 24 horas por dia? O mundo é tão grande, há tanto a desbravar, conhecer, experimentar...e por medo de não ser ninguém e aí mesmo que não acontecemos.

Ficamos presos a esta rotina que nos mata aos poucos, quando poderíamos estar pelos quatro cantos do planeta, vivendo, no real sentido da palavra.