quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aonde vai chegar assim?

Que tenho alma de velho, todo mundo já percebeu. Gosto de vinho, vinil e morro de saudades da minha infância, mesmo que ela tenha acabado há pouco anos. Sou saudosista desde que saí do útero da dona Denise.

Mas percebo que meu corpo também envelhece. E tudo isso em pouco tempo: a rotina sedentária adotada em função do trabalho cobra seu preço.

Comunicação.

Quem lida com ela sabe que o meio é altamente estressante. Ansioso que sou por natureza, noto no organismo a deterioração daquilo que deveria ser mais precioso na existência: a preservação da saúde e do bem estar humano. Corpo e espírito foram deixados de lado. Só cumpro as necessidades fisiológicas básicas a sobrevivência.

Estresse, pouco sono, má alimentação e a inevitável boemia: quilos na balança, dores no corpo e acúmulo silencioso de problemas futuros. Num mundo cada vez mais instantâneo, desconectar-se da sociedade da informação é impossível, ainda mais para quem justamente trabalha com informação. Não há mais jornada de trabalho, estamos 24 horas ligados no que acontece. Tudo para não corrermos o risco de ficar para trás.

E quem não se compromete, não tem futuro. É preciso estar disponível full time.

Mas onde isso vai nos levar? Que sonhos serão conquistados a partir de tantos sacrifícios? Vale a pena toda essa dedicação em nome da realização profissional e pessoal?

Tenho me feito estes questionamentos. Vejo colegas que assim como eu, tão jovens que somos, já imersos numa rotina massacrante. Em nome da dita realização profissional até os ideais e valores são deixados de lado. Mas a preço de quê mesmo?

Não seria muito mais proveitoso para um ideal de existência evolutiva dedicar minha vida a algo mais nobre do que trabalhar 24 horas por dia? O mundo é tão grande, há tanto a desbravar, conhecer, experimentar...e por medo de não ser ninguém e aí mesmo que não acontecemos.

Ficamos presos a esta rotina que nos mata aos poucos, quando poderíamos estar pelos quatro cantos do planeta, vivendo, no real sentido da palavra.

2 comentários:

  1. Teu texto é bom. Não tem aquela prisão de ventre literária que ando lendo por aí. Tu é profundo sem ser chato! Teu blog é um dos poucos que consigo ler os textos até o final sem me torrar os bagos!

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