quarta-feira, 31 de março de 2010

O encantamento da TV

Escrevo no momento em que o apresentador mais comentado do momento lê o veredicto final. Há um novo milionário entre os brasileiros. Não há cristão ou ateu neste país que não esteja comovido ou se deixe tocar por algum tipo de emoção no instante em que Pedro Bial faz o suspense final antes de anunciar Marcelo Dourado como grande vencedor do BBB10.

Nesta terça-feira encerrou o programa televisivo de maior sucesso da história brasileira. Mais da metade dos telespectadores brasileiros estão grudados em frente a um tubo de plástico e vidro para saciar a uma curiosidade mórbida: saber quem será o grande vencedor de uma experiência insólita que conquistou no Brasil o maior sucesso entre todos os países onde foi realizada.

Neste momento fica evidente toda magia e encantamento do suporte chamado televisão.
Meio de comunicação? Instrumento de alienação? O fato é que a TV foi a maior revolução no cotidiano das famílias do século XX e ainda exercerá forte influência sobre os gostos e costumes da sociedade do novo século.

Trilha sonora, edição, personagens eloqüentes, cenário: uma produção pensada nos mínimos detalhes com o único objetivo de encantar e entreter o telespectador. A bem de toda crítica ao conteúdo do BBB, o último programa da edição 2010 deu uma aula de produção televisiva.

Um final apoteótico para um programa onde a grande sensação foi fora da casa. E fora da TV. A repercussão que o programa gerou nas redes sociais destoou de qualquer outro fenômeno comunicacional no Brasil. A convergência entre TV e internet foi determinante no sucesso desta edição, estampada na votação final: 155 milhões de votos.

Dourado é uma fraude?
BBB é aculturação?
O Bial é um filósofo de botequim?

Talvez.

Cada um tem uma opinião e um ponto de vista. Não há verdade absoluta. Mas como amante da comunicação fico impressionado com fenômenos como esse. Vale a pena observar e aprender.

Goste-se ou não.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Dúvidas

"Eu vejo um horizonte trêmulo
Eu tenho os olhos úmidos
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
Mas 'a dúvida é o preço da pureza'
É inútil ter certeza"

sexta-feira, 26 de março de 2010

O lugar


Lembro da minha infância quando vinha a Porto Alegre com meus tios. Recordo perfeitamente dos locais que mais despertavam minha atenção: o arroio Dilúvio, o muro da Mauá, a interferência no rádio quando entrava no túnel da Conceição, a Osvaldo Aranha nos arredores da Redenção...desde criança tinha certeza que essa era a cidade onde queria passar minha juventude.

E eis que estou aqui. Há três anos que me sinto um porto-alegrense, um magro do Bonfa, um boêmio da Cidade Baixa, um bicho-grilo da P.F. Gastal. Vejo POA com um constante olhar poético e melancólico. O T-5 lotado, paredes pixadas, miséria sob viadutos...o céu de vanilla do amanhecer e sol dourado do anoitecer. Tudo me inspira.

Da minha janela sinto e respiro Porto Alegre. Aqui me realizo, me apaixono e me embriago.

É em Porto Alegre que me sinto cidadão do mundo. É nas ruas da capital que aprendo sobre a vida. É nas vielas que vejo aquilo que ninguém vê.

Porto Alegre é poesia, prosa e verso. Porto Alegre é redenção e tragédia. Porto Alegre é cor no meio do concreto.

Parabéns, Porto Alegre.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Penso e existo

Viver sem filosofar é o que se

chama ter os olhos fechados

sem nunca os haver

tentado abrir.


René Descartes

quarta-feira, 24 de março de 2010

O muito muito que te quero

Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim

Ah se tu soubesses como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração
E só assim então serei feliz
Bem feliz

Ah se tu soubesses como sou tão carinhoso
E o muito, muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor dos lábios meus a procura dos teus
Vem matar essa paixão que me devora o coração

E só assim então serei feliz
Bem feliz

terça-feira, 23 de março de 2010

Dos motivos...

Qual o sentido da vitória, se não houver disputa?

Qual o sabor do beijo, se não for conquistado?

Qual a graça da vida, se não for encarada?

Porque dormir, se não se pode sonhar?

Porque acordar, se não há desafio?

Como ainda querer, se não há mais nada a alcançar...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Dor

"Como dói despedir-se

sem ao menos


ter chegado".

Acabou o verão!




Das imperfeições

Horóscopo velho dá azar? Esse é para Aquário, em janeiro/2009:

"Refletir profunda e seriamente sobre os acontecimentos

põe em relevo as imperfeições, as próprias e as alheias também.

Se tudo seguisse a ordem dos impulsos, nada seria percebido.

Mas a reflexão ilumina tudo."

No labirinto

Enquanto ela dorme, a mente flutua.
O corpo se livra das angústias do viver.

Olhos fechados, respiração profunda.
O semblante estampa uma tranquilidade infantil.

Ela dorme.

Os sonhos da vida se materializam no inconsciente.
A alma deixa o corpo físico e liberta o ser.
O labirinto extra-sensorial a conduz pela pela experiência dos sonhos.

Ela dorme.

Ela sonha.

Ela é um sonho.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Encontro com o verdadeiro professor

Caminhou a passos lentos, porém firmes. Largou a tulipa de cerveja sobre a mesa e cumprimentou o entrevistador. O auditório abafado e tomado pela platéia acompanhava cada movimento que fazia. Tirou o casaco e acomodou-se na poltrona. Provou um gole ao que o Professor indica o que ele tomava:

- É a Coruja, cerveja artesanal. Ele que pediu.

Mino Carta sorriu e aprovou o sabor encorpado da bebida.

Encorpado: eis um adjetivo que resume o perfil de um dos mais respeitados e experientes jornalistas brasileiros. O mais lúcido, com certeza.

Os primeiros gestos, articulados e calejados pela experiência apresentam um genovês convicto, de personalidade forte. Mas suas palavras são sutis e ácidas e rompem as mentes dos que o escutam.

Ruy Ostermann sabia que seria um desafio dar a palavra ao mais contundente crítico da grande mídia brasileira nas últimas duas décadas. O Professor deixou a conversa rolar, no entanto, sem instigar o velho Mino. Até porque as declarações contornadas da mais refinada ironia saiam naturalmente:

- Os editoriais do Estadão são a maior obra-prima do humor brasileiro.

Risos na platéia.

- A mídia nativa é hipócrita. Apregoa ser isenta, quando não é. Precisamos assumir um lado. A Carta Capital assumiu.

Debochou de forma implacável da Rede Globo:

- Eles (famiglia* Marinho) investiram tudo apostando na reeleição comprada de FHC. No quarto dia do segundo mandato o príncipe dos sociólogos desvaloriza o Real e quase quebra a Globo!

Gargalhadas na platéia.

Discorreu ainda sobre governo Lula. Considerou os avanços, criticou o Bolsa-Família (para minha surpresa!) e lembrou que a desigualdade social ainda é a raiz de todos os problemas:

- A liberdade é muito pouco. Igualdade é muito mais, e uma sem a outra não é nada.

Elogiou a política externa e afirmou convicto a eleição de Dilma:

- Em 2001 o sentimento era de mudança, o povo estava insatisfeito. Mas agora o pobre tem dinheiro, consome como nunca. Por que vai querer mudar?

Mais alguns goles de Coruja e mais uma prova da vitalidade de Mino: ele acomoda-se na poltrona sentando sobre uma das pernas dobradas sobre a cadeira. Aqueles cabelos brancos, o garbo e elegância daquele sujeito, todas as histórias envolvendo os personagens políticos mais importantes das últimas quatro décadas me levaram a mais óbvia constatação. Romântica, bem verdade, mas nem por isso falsa:

Jornalismo é um dia após o outro. Cada dia uma nova história e uma nova experiência. O criador das três maiores revistas brasileiras da atualidade finaliza:

- Fiz uma escolha de vida e sou responsável por ela. Tive oportunidades? Claro que tive. Mas será que não as tive como resultado de minhas escolhas? Quando comecei pensei: Quero ser um jornalista de verdade.

Meu sentimento sobre o encontro?

É bom ter certeza que se está no caminho certo.

Atônitos após o encontro, brindamos à Mino. Bebendo Coruja, é claro.

Foto: StudioClio

Sempre

“nós



sempre




teremos


Paris”

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um mundo de medos

Não sou nenhum cinéfilo, longe disso. Mas sei dizer quando vejo um filme e saio embasbacado. E assim foi ontem depois de assistir ‘A Ilha do Medo’, de Martin Scorsese e Leonardo Di Caprio. A crítica da Folha acertou em cheio ao dizer que é a dupla mais fantástica em ação no cinema da atualidade.

Vá ao cinema. Abra seus sentidos e embarque na história.

O roteiro é de primeira linha. Até os erros de continuidade são propositais. Cenas fortes, ambiente sombrio... Mesmo que o título em português remeta o espectador a um filme de terror, o suspense é totalmente psicológico. Trilha sonora, cenário noir e a constante sensação de expectativa deixam o espectador vidrado na trama e atento a todos os detalhes.

Em vão: o final é surpreendente. Nem o mais astuto observador consegue imaginar o desfecho.
‘Ilha do Medo’ leva o espectador a traçar o inevitável paralelo entre ficção e realidade. Até que ponto o simulacro em que vivemos é a realidade de fato? Tudo que acreditamos não é tudo aquilo que querem nos fazer acreditar?

Leonardo Di Caprio, onipresente ao longo do triller, vive atormentado, mas nem por isso transparece incerteza. Visões, delírios, realidade, imaginação: até onde vai a verdade? Essa é a grande dúvida deixada por Shutter Island.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Por alguns avos de tranquilidade

Na tela, futebol.


Na rua, miséria.


Na internet, divergências;


O mundo grita, se comunica e se estrumbica.

Todos falam, opinam e deduzem.


Mas poucos se entendem.

Verborragia, excesso de informação.


Ânsia de saber, acompanhar e entender.


Café, teclado, telefone.

Caneta, papel e o ponteiro do relógio que mais parece uma hélice.

O tempo voa.


Tudo se sabe, pouco se agrega, nada se absorve.

Quero beira de rio, silêncio e minha máquina fotográfica.


Só assim posso congelar o tempo e eternizá-lo.


Nem que seja por alguns avos de segundo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

o valor da conquista

Foi um dia atípico: amanheceu colorido, o céu rosado mais parecia uma pintura em aquarela. Da janela do décimo andar fitou o alvorecer com a xícara de café na mão esquerda. Na outra mão, o jornal que estampava na capa toda estupidez da existência. Mortes, atentados, acidentes. Pensou nos motivos de tantas más notícias. Mais: como poderia o mesmo mundo produzir a beleza daquele amanhecer e também abrigar tanta maldade?

Refletiu. Sorveu outro gole de café. O rádio anunciava um trânsito caótico na volta das férias. A metrópole pulsava. Pegou a mochila, se benzeu com seus patuás e saiu. Na rua, apesar daquela disputa frenética entre ambulâncias, ônibus e transeuntes, Nicolas andava com uma calma atípica. Apesar da confusão mental que enfrentava, aquele céu-salmão parecia anunciar boas novas.

Lembrou disso tudo quando sentou, já de madrugada, na esquina de sua casa. Observando toda aquela gente alternativa e o ambiente colorido pensou que não haveria jeito melhor de comemorar: uma lata de coca-cola, um farto cachorro-quente e um bombom de sobremesa. Observava quem passava, mas estava ali só de corpo. Sozinho, refletindo sobre cada minuto de seu dia e cada instante de sua trajetória, sua mente ia muito longe. Lembrou da vida no interior, do primeiro emprego, das noites em claro... Estufou o peito e respirou orgulhoso. Enfim, seu esforço fora reconhecido. Naquele instante todas as angústias se desfizeram, toda dificuldade se converteu em aprendizado.

Como não tinha com quem brindar sua promoção no trabalho, pagou um cachorro-quente a um morador de rua. O primeiro gasto com seu novo salário.

Nove de março

Não deveria divagar;
Mas inebriado pelo álcool e inspirado pela erva percebo:

Tu me inspira.

Talvez seja só paixão, aquela coisa quente, forte, descontrolada...
A razão e as circunstâncias neutralizam o ímpeto.
Mas nem por isso o anulam.

Tu és meu ébrio, meu lado errante, boêmio e corrupto.

Tu és meu fraco.

Um erro consciente, mas nem por isso menos delicioso.
Uma dor boa de sentir.

Não sei do futuro, tampouco do presente.
Sei que sinto, de um pouco tudo.
Raiva, euforia, medo, amor, tesão, paixão;

Um ser que não se compreende.

Apenas sente.

terça-feira, 2 de março de 2010

Simples assim

"Se o amor tivesse cor
Metade seria negro, metade seria branco.
Ora dominante, ora submisso."

(autor desconhecido)