quarta-feira, 10 de março de 2010

o valor da conquista

Foi um dia atípico: amanheceu colorido, o céu rosado mais parecia uma pintura em aquarela. Da janela do décimo andar fitou o alvorecer com a xícara de café na mão esquerda. Na outra mão, o jornal que estampava na capa toda estupidez da existência. Mortes, atentados, acidentes. Pensou nos motivos de tantas más notícias. Mais: como poderia o mesmo mundo produzir a beleza daquele amanhecer e também abrigar tanta maldade?

Refletiu. Sorveu outro gole de café. O rádio anunciava um trânsito caótico na volta das férias. A metrópole pulsava. Pegou a mochila, se benzeu com seus patuás e saiu. Na rua, apesar daquela disputa frenética entre ambulâncias, ônibus e transeuntes, Nicolas andava com uma calma atípica. Apesar da confusão mental que enfrentava, aquele céu-salmão parecia anunciar boas novas.

Lembrou disso tudo quando sentou, já de madrugada, na esquina de sua casa. Observando toda aquela gente alternativa e o ambiente colorido pensou que não haveria jeito melhor de comemorar: uma lata de coca-cola, um farto cachorro-quente e um bombom de sobremesa. Observava quem passava, mas estava ali só de corpo. Sozinho, refletindo sobre cada minuto de seu dia e cada instante de sua trajetória, sua mente ia muito longe. Lembrou da vida no interior, do primeiro emprego, das noites em claro... Estufou o peito e respirou orgulhoso. Enfim, seu esforço fora reconhecido. Naquele instante todas as angústias se desfizeram, toda dificuldade se converteu em aprendizado.

Como não tinha com quem brindar sua promoção no trabalho, pagou um cachorro-quente a um morador de rua. O primeiro gasto com seu novo salário.

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