Uma ligação perdida, uma chamada não atendida.
Noite solitária, garrafa vazia.
Ébrio, saudade, utopia.
Um dia quem sabe, de tudo isso a gente ria.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Minha Cidade Baixa querida
Através do vidro trincado, olho o horizonte de prédios oprimidos por um céu acizentado.
Procuro o sol esperando vê-lo partir pelas últimas vezes.
Estou indo embora, Cidade Baixa. Lugar que povoou meus sonhos durante toda minha juventude, agora não será mais o meu quintal. Aqui me senti bem porque me senti em casa.
A República cheia de árvores, as mesas na calçada; as tias caminhando com seus poodles convivem no mesmo metro quadrado com hippies, lésbicas, punks, emos, boêmios e bêbados: a CB é o lugar onde todos buscam sonhos, onde se vive diferente . É um bairro do interior no meio da cidade grande.
Sei que Redenção vai continuar ali me esperando para um passeio com um chimas. Mas aí serei um intruso e o lago do dragão não será mais parte da minha casa. Sempre serei um visitante do OCIP ou do zaffari da lima.
Mas mais do que a nostalgia de deixar toda essa atmosfera de liberdade para trás, o que mais incomoda é pensar que estou dando outro passo, amadurecendo mais um pouco. Serei mais responsável, o Van Gogh estará mais longe. Minha rotina será alterada completamente e isso assusta.
Pela janela, o sol começa a querer romper o escudo de nuvens densas e insensíveis.
Lembro de tudo que vivi e das pessoas que conheci na CB. Quantos sonhos tive olhando o pôr-do-sol; quantas tristezas sofri ao vê-lo nascer de novo. Quanto amor vivi ao som da chuva e do vento na altura do décimo andar.
Outro endereço, outra fase. E lá não tem pôr-do-sol.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Dica
Numa manhã, ao embarcar no ônibus pra Navegantes, Gregório Sonso deu 1 real ao menino que vendia bala e viu-se transfigurado na gigante goma que comprara.
Israel de Castro
no excelente O fofi do ofidã
Israel de Castro
no excelente O fofi do ofidã
Procuro
Anoitece, amanhece. Tudo parece irritantemente repetitivo. Sol, chuva, vento, sol de novo. Ciclos, retomadas, déjàvu. Idealizar estímulos no futuro para anestesiar o peso da rotina. Sonho: o psicotrópico mais forte que existe. Alucinação gratuita. Em transe, acordado, dormindo, transando.
Fugir. Acelerar o tempo e acordar em outro corpo, em outro mundo. Transmutar-se num ser não-inventado, desconhecido. Como na metamorfose de Kafka, delirar. Conhecer outro meio de vida, outro ritmo de existência. Uma ordem inversa, uma lógica desconhecida.
Ir para o lugar onde mentira signifique verdade e que verdade seja o ar que se respira. Lá só se vive. O único objetivo é amar e ser feliz, assim como aqui só cultiva-se vaidade e desafeto.
Mas estou aqui. Esta é minha dimensão e realidade. O azul é azul, ventilador é ventilador e o mundo está aqui do lado de fora de minha janela.
Durmo, sonho e por alguns instantes fujo, sozinho, para percorrer esses lugares que só terei vagas lembranças ao acordar e encarar a realidade repetitiva e nonsense que significa vida. Ou quem sabe seja tudo ao contrário: sonhar é que é viver. Acordados estamos mesmo é dormindo e vagando sem sentido.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Viva a inconseqüência!
Seria correto dar tanto peso às decisões?
Escolher um caminho muitas vezes se torna um desafio, tamanha a cobrança que se impõe ao resultado esperado.
A inconsequência deveria estar mais em voga.
Pensar e planejar demais é cansativo. Aliás, é muita pretensão acreditar que o futuro é resultado de cada ação realizada no presente.
O destino é vago como reticências soltas numa folha de papel em branco.
O moderno way of life nos leva a idealizar o futuro e nos faz esquecer de curtir o presente.
Neuróticos com a possibilidade de errar, esquecemos que é pura diversão tentar, experimentar, errar, tropeçar, cair e começar de novo.
Martirizar o ato de viver é a prova da covardia.
É cegar os olhos com medo da luz.
Liberdade ao sentimento, erro sem culpa.
Vida sem medo.
Eis o lema do outono, talvez tardio.
Escolher um caminho muitas vezes se torna um desafio, tamanha a cobrança que se impõe ao resultado esperado.
A inconsequência deveria estar mais em voga.
Pensar e planejar demais é cansativo. Aliás, é muita pretensão acreditar que o futuro é resultado de cada ação realizada no presente.
O destino é vago como reticências soltas numa folha de papel em branco.
O moderno way of life nos leva a idealizar o futuro e nos faz esquecer de curtir o presente.
Neuróticos com a possibilidade de errar, esquecemos que é pura diversão tentar, experimentar, errar, tropeçar, cair e começar de novo.
Martirizar o ato de viver é a prova da covardia.
É cegar os olhos com medo da luz.
Liberdade ao sentimento, erro sem culpa.
Vida sem medo.
Eis o lema do outono, talvez tardio.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Vácuo sentimental
O medo de arriscar bloqueia a felicidade.
O comodismo cotidiano limita as possibilidades infinitas da existência.
Se jogar no vazio, caminhar no escuro, flutuar entre as incertezas: se a covardia não fosse mais forte que qualquer outro sentimento, a vida seria mais simples.
Mas talvez seja essa a razão do viver: complicar e sofrer.
O comodismo cotidiano limita as possibilidades infinitas da existência.
Se jogar no vazio, caminhar no escuro, flutuar entre as incertezas: se a covardia não fosse mais forte que qualquer outro sentimento, a vida seria mais simples.
Mas talvez seja essa a razão do viver: complicar e sofrer.
terça-feira, 4 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
No psiquiatra
Ansiedade. Esse foi o diagnóstico do psiquiatra que me atendeu agora há pouco. Isso depois dele olhar três vezes pro relógio durante a consulta. Provavelmente o consultório psiquiátrico não é o foro adequado para discutir o que quero. O médico que me atendeu esperava um paciente maníaco-depressivo, suicida... Menos um rapaz que apenas quer discutir dúvidas, se livrar de vícios e falar. Falar muito.
Deixei claro que não tenho interesse em tratamento com medicação. Sentei, falei da minha vida em 30 minutos e a única coisa que ele fez ao cabo do monólogo foi receitar um medicamento e perguntar-me:
- O que esperava da consulta?
Por fim, me alertou dos efeitos colaterais:
- Causa retardo ejaculatório.
Resultado: Saí mais confuso e ansioso. Vai saber se vou conseguir ter orgasmos.
Ou vou ter que me dedicar ao sexo tântrico.
Deixei claro que não tenho interesse em tratamento com medicação. Sentei, falei da minha vida em 30 minutos e a única coisa que ele fez ao cabo do monólogo foi receitar um medicamento e perguntar-me:
- O que esperava da consulta?
Por fim, me alertou dos efeitos colaterais:
- Causa retardo ejaculatório.
Resultado: Saí mais confuso e ansioso. Vai saber se vou conseguir ter orgasmos.
Ou vou ter que me dedicar ao sexo tântrico.
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