quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Sentidos

Se a dúvida é dor, o sonho é vício. Mas enquanto o ímpeto não supera o medo, a existência se prolonga falsa como uma flor de plástico: eternamente colorida, mas sem um dia sequer de perfume.

Jardins seduzem pelo cheiro de liberdade escrito em contraste com o céu azul.

A cautela é uma nuvem que nunca vai apagar o brilho do sol chamando para correr pelo universo.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Da coragem

Não se trata de material, sólido ou seguro; de correto, moral ou aceitável. Mas de sentir, experimentar, arriscar e sublimar o julgamento do pensamento alheio.

É a busca pelo desconhecido que seduz a alma inquieta e sagaz. Vivências sem interferências. Livre para ver, ouvir, rir, decepcionar e recomeçar.

Caminhos existem para serem percorridos, desafios vencidos e a vida para ser APROVEITADA.

De que vale reconhecimento, ego e disputa dentro de um vácuo do mundo quando o mundo real oferece um enorme esconderijo no meio da multidão, onde compartilhar e conviver é evoluir.

Medos, pudores e receios são alimento dos fracassos e decepções. A duvida é o teste para quem ousa assumir a missão de plenamente realizar-se existencialmente.

Sem ímpeto e determinação não há realização. Para sonhar é preciso ousar acreditar no impossível; para acontecer é necessário sofrer todos os reflexos da experiência.

De nada vale o conforto da certeza se o sol se pôr sempre do mesmo jeito. A comodidade do caminho fácil não seduz quem gosta das paisagens mais belas.

sábado, 9 de julho de 2011

Olhos abertos

Certezas incertas, verdades aparentes.
Convicções de pó, castelos de areia.
Dúvidas gritam a ouvidos surdos de não querer ouvir.
Ver é uma questão de vontade.


Afinal,

"o essencial é invisível aos olhos."

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Silêncio ensurdecedor

Bastam


poucas

palavras


para que se digam

verdades

que não calam.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Na próxima estação*

Doce. A aura, o olhar, o jeito. Tudo nela parecia doce.

Talvez eu jamais saiba sequer seu nome. Como poderia chamar-se aquela criatura com voz de anjo?

Enquanto falava ao telefone mexia lábios esculpidos pela mais divida entidade do universo. Eram perfeitamente simétricos e a textura do contorno daquele sorriso fácil prendia minha atenção tal qual um homem que atravessou o deserto mira uma fonte d’agua. Eu estava sedento por provar seu gosto meigo e inocente.

Um decote falsamente insinuante permitiu-me ver não mais que a curva sinuosa de um par de seios do tamanho que todo homem deseja ter para si, numa devoção típica de quem apara mais do que o coração inocente de uma jovem fêmea.

Aquele pecado sagrado oferecia-se na fileira de bancos ao meu lado. Titubeei por infindáveis minutos e quilômetros; Queria sentar ao lado dela e dizer toda paixão que observá-la por alguns instantes despertou em meu coração vulnerável. Planejei frases, armei planos. Queria acompanhá-la até sua casa, carregar suas coisas, carregá-la nos braços, entrar em sua casa, entrar na sua vida, invadir o destino dela num insano arroubo de paixão.

Queria que ela me tomasse pela mão, olhasse nos meus olhos e me chamasse de ‘meu’. Queria ser dela,

para ela,

com ela.

O cabelo curto, em duas cores, complementava o visual que começava por delicados pés 34, calçados por um surrado All-Star vermelho; A já referida blusa colaborava com minha hipnose, estampada com motivos psicodélicos. No pulso direito a identidade da mais pura rebeldia disfarçada em beleza se revelava com uma tatuagem de libélula.

Suave como uma pena solta no ar, acomodou-se e rapidamente na poltrona e adormeceu. Sorria enquanto dormia, provavelmente pensando no felizardo sujeito que desfruta de sua mais profunda intimidade e tem a graça bendita de ser dela. As maças do rosto se inflaram com o sorriso. De olhos fechados, ela arrumou o cabelo para trás da orelha e deu mais detalhes de si, naquela lenta e torturante descoberta que eu admirava passivamente.

Tinha duas pintas no lado direito da face. Quantas outras mais o corpo dela poderia esconder? Esse e outros pensamentos atravessavam meu peito enquanto ela dormia e eu sonhava acordado.

Naqueles instantes queria apenas a eternidade ao lado dela. A eternidade de um beijo, de um carinho, de um olhar. De uma noite ou de uma vida. Queria dela a atenção e apego que ela me provocou. Queria a correspondência de todo esse encantamento.

Minha rodoviária chegou.

Eu levantei.

Ela sequer olhou.

A tristeza de deixar ir embora o amor da minha vida dos últimos 40 minutos só não é maior que a esperança de um dia voltar a encontrá-la. E independente do tempo que passar eu a reconhecerei pelo gosto doce do sentimento que sua imagem deixou impregnado em minhas lembranças.

*Texto escrito originalmente em ago/2005 e resgatado de uma pasta de reminiscências.

domingo, 7 de novembro de 2010

How

Make You Feel My Love

When the rain is blowing in your face
And the whole world is on your case
I could offer you a warm embrace
To make you feel my love

When the evening shadows and the stars appear
And there is no one there to dry your tears
I could hold you for a million years
To make you feel my love

I know you haven’t made your mind up yet
But I would never do you wrong
I’ve known it from the moment that we met
No doubt in my mind where you belong

I’d go hungry, I’d go black and blue
I’d go crawling down the avenue
There’s nothing that I wouldn’t do
To make you feel my love

The storms are raging on the rollin’ sea
And on the highway of regret
The winds of change are blowing wild and free
You ain’t seen nothing like me yet

I could make you happy, make your dreams come true
Nothing that I wouldn’t do
Go to the ends of the earth for you
To make you feel my love

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Quando a chuva está caindo em seu rosto
E o mundo inteiro está em suas costas
Eu te ofereceria um caloroso abraço
Pra fazer você sentir meu amor

Quando a sombra da tarde e as estrelas aparecem
E não há ninguém pra enxugar suas lágrimas
Eu poderia te abraçar por um milhão de anos
Pra fazer você sentir o meu amor

Sei que você ainda não ergueu sua cabeça
Mas eu jamais te enganaria
Soube disso desde o momento que nos conhecemos
Não há dúvidas na minha cabeça onde é seu lugar

Eu passaria fome, ficaria preta e azul
Eu me arrastaria por uma avenida
Não há nada que eu não faria
Pra fazer você sentir o meu amor

Oohhhh ohhohh

A chuva está rolando pelo oceano
E na estrada do arrependimento
Os ventos de mudança estão soprando livres e fortes
Você não está vendo nada como eu ainda assim

Não há nada que eu não faria
Iria até o fim do mundo por você
Fazer você feliz, fazer seus sonhos se realizarem
Pra fazer você sentir o meu amor

Pra fazer você sentir o meu amor

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Saltando

Maldita mania de procurar beleza em toda parte.

Não. Não há o que admirar no sofrimento.

É inútil o esforço de tentar encadear palavras que façam algum sentido, que dirá que sejam belas.

Estamos diante do pesadelo infantil; do medo da solidão; do temor de enfrentar o desconhecido.

Não há quem nos proteja. Somos nós, um frente ao outro, encarando a incerteza.

Pisamos sobre um emaranhado de dúvidas.

O passado nos prende e distorce qualquer tentativa de enxergar o futuro.

Será um salto de pára-quedas, mas sem pára-quedas.

Espero acordar antes de chegar no chão.
Gostar
muito

É


muito


diferente


de

amar.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Da evolução

Todo fim de ano é a mesma coisa: um temporal que precede a bonança pós-carnaval.

Atende pelo nome de inferno astral.

Disseram-me que o fenômeno ocorreria somente no mês anterior ao aniversário.

Pois garanto-lhes: a era de aquário no zodíaco chega sob uma tormenta de três meses de aflição e desavisos.

O quatro de fevereiro há de chegar para abrir o caminho do novo ciclo, mas até lá espero que a experiência deste que se encerra fortaleça meu coração.

A evolução da alma e da personalidade é forjada com lágrimas: de alegria, mas também de tristeza. São elas que purificam e nutrem nossa vontade de viver.

A primavera encerrá sob o sufocante calor do verão.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O sabor da melancolia

A chuva preguiçosa pinga na janela. A brisa da primavera sopra o cheiro de asfalto molhado.

O vinil de Toquinho, com os graves característicos dos toca-discos, batuca no compasso do coração.

"Morena, se acaso um dia
Tempestade te apanhar
Não foge da ventania,
Da chuva que rodopia,
Sou eu mesmo a te abraçar"

O âmbar do abajur cria suaves sobras no ambiente.

Olhos pesados pelo álcool, passam a enxergar a beleza dos últimos momentos vividos.

À mente vêm as lembranças dos dias mais felizes de uma breve (mas intensa) vida.

O sentimento de plenitude se amplia em um momento de melancolia tenra.

O Chile, os mineiros, os lugares e amigos que fiz neste outubro, contagiam minha alma.

A melancolia tem sabor de regozijo e plenitude.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O jogo

Ele tem 15 anos. Sua vida é a bola de futebol. Está determinado: será um craque. Não é pela fama, muito menos pelo dinheiro. Ele quer provar que pode ser tão bom quanto os outros. Não para os outros, mas para si mesmo.

Para esse menino, o desafio é contra si próprio.
Ele quer provar ao mundo que qualquer sonho é possível.
Afinal, sonhamos com aquilo que vemos. Se vemos, é porque já existe.
Se já existe, alguém o fez.

Se alguém o fez, ele também o fará.

Por mais que lhe digam que terá um futuro brilhante, desconfia.
Anda com a bola debaixo do braço, está sempre pronto para uma pelada.
Não quer perder a chance de mostrar que pode vencer.

Por aquelas reviravoltas do destino, ele foi chamado para jogar uma Copa do Mundo. Uma daquelas coisas surreais que só acontecem aos meninos que sonham.

Nos último dias esse menino encontrou Zico, Zidane, Ronaldinho Gaúcho.
Todos aqueles craques que ele tem um pôster na parede do quarto bateram bola com ele.

Na verdade foi um rachão. Ele teve 90 minutos para jogar a vida.
Suou a camisa. Cruzou, cabeceou, marcou.

Voltou confiante.

Ele tem certeza que um dia vai vestir a amarelinha.

sábado, 16 de outubro de 2010

Sobre o Chile

Texto publicado originalmente em: http://tinyurl.com/35hbxlg

Tenho 800 quilômetros para refletir sobre tudo que vivi ao lado de Rodrigo Lopes nestes quatro dias de cobertura internacional. Enquanto escrevo este texto, atravessamos metade do Chile pela famosa Ruta 5, com suas retas infindáveis e curvas perigosas, no caminho de volta pra casa. Serão doze horas de reflexão sobre o que aconteceu comigo nas últimas 100 horas vividas. Uma lua sorridente nos faz companhia nesta longa viagem.

Procuro o melhor termo para definir como saio desta experiência. Dizer que ‘mudou minha vida’ é simplório demais. Talvez ainda não encontrei a expressão correta porque não tenho a dimensão exata do que me aconteceu desde que deixei Porto Alegre no colorido entardecer do último domingo.

As horas vividas nesta expedição foram intensas. Jornalismo na real acepção da palavra. Estivemos diante do fato e o narramos incessantemente. Meu parceiro de viagem é um profissional que além de competente, ama o que faz. Talvez isso seja redundante, já que que essas definições são indissociáveis e se retroalimentam. Presenciei Rodrigo ficar acordado mais de 24 horas, alimentando-se de notícia. Incansável, deu-me mais do que liberdade para fazer a cobertura junto com ele: confiou e apostou no meu trabalho. Serei eternamente grato a esse novo grande amigo que fiz.

Nas nossas primeiras conversas, definimos tônica da cobertura: a emoção. E isso eu garanto que não nos faltou. Foram muitos os momentos em que o coração guiou nossas atitudes. A entrada na área do resgate, numa noite escura como poucas que já vivi, colocou nossos nervos à prova. Sem credenciamento, com medo de ficarmos de fora, cruzamos três barreiras policiais e conseguimos chegar até o acampamento Esperança. A equipe de dois homens, vibrou. No amanhecer seguinte, já devidamente credenciados, circulamos pelas tendas das famílias. Rostos apreensivos, falas pausadas e esperançosas. No meio da multidão de jornalistas, um senhor tocava violão entoando um canto melancólico. O nó na garganta só me permitiu observá-lo.

Depois de mais de 24 horas mal alimentados, fomos em busca de um restaurante em qualquer área minimamente civilizada. O carro apontou na direção da linha do horizonte, que divide o céu com o mar. Era o Oceano Pacífico se descortinando diante dos meus olhos, que se discretamente se marejaram de emoção.

Faltavam quatro minutos para as dez da noite de 13 de outubro de 2010. Das profundezas do deserto do Atacama renascia o último dos mineiros soterrados. A área da mina San Jose se tornou uma festa completa. Estava na sala de imprensa atualizando as informações para o minuto a minuto de zerohora.com. Rodrigo circulava pelas vielas do acampamento falando ao vivo na Rádio Gaúcha. Me levantei do computador e fui até a rua respirar o ar vitorioso que soprava no deserto.

Se meus pulmões se encheram daquela atmosfera triunfante, foi graças a confiança depositada em mim pelo Grupo RBS. Mas uma empresa é feita de pessoas, as quais faço questão de agradecer:

Ricardo Stefanelli, pela coragem de embarcar um garoto em uma cobertura deste porte;

Rosane Treméa, por todo apoio que me foi dedicado desde que venci o concurso Primeira Pauta;

Luciano Peres, o homem que nos deu a orientação editorial no meio de tanta informação;

Sandro Silveira, por nos colocar e nos tirar do Chile quando precisamos.

Agradeço também a todos os leitores, ouvintes e amigos que manifestaram apoio e parabenizaram nosso trabalho, dando a motivação necessária para que seguíssemos em frente.

Espero que essa tenha sido a primeira de muitas outras grandes pautas.

Sonhos

Sou um homem que mesmo acordado, experimentou sonhos incríveis.

Materializo essa certeza enquanto flutuo sobre um tapete de nuvens, voando sobre uma natureza virgem, depois de ter conhecido a entrada do Jardim do Éden.

Falei com o mundo e o mundo me ouviu.

Realizei sonhos para provar que sonhos são reais.

Vivê-los e senti-los só depende da nossa capacidade de acreditá-los.

Sonhos
são a prova inequívoca da capacidade humana se ser imagem e semelhança da perfeição.

Sonhar pode mudar nossas vidas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A indelével prova do amor

Ela chegou. Sempre chega.

Rompendo o cinza amargo do inverno; Adoçando com cores um novo ciclo.

O perfeito alinhamento do sol entre os hemisférios denota o equilíbrio encarnado pela primavera.

O equinócio marca mais do que um período. É o lado poético, feminino e sensível da natureza.

É a face humana e delicada do Criador.

Céus mais azuis; horizontes mais claros; pessoas mais felizes.

A existência em suas mais complexas e frágeis formas aguarda tímida e recolhida por esse dia.

Os animais fervem em hormônios ansiosos pelo acasalamento.

O calor derrete o distanciamento provocado pelos meses de frio.

O vento sopra mais quente; os pássaros cantam mais alto, o sol nasce mais disposto.

E o que dizer das flores?

Delicadamente preenchem nossos dias com uma beleza que só elas são capazes de proporcionar. Nos encaram por onde andamos e nos obrigam a sorrir.

Nada pedem em troca. Voluntariamente brotam vida afora, despretensiosamente invadem nosso cotidiano e são capazes de nos provocar os mais profundos sentimentos.

Flores. A prova inequívoca de que a humanidade foi criada para amar.