Anoitece, amanhece. Tudo parece irritantemente repetitivo. Sol, chuva, vento, sol de novo. Ciclos, retomadas, déjàvu. Idealizar estímulos no futuro para anestesiar o peso da rotina. Sonho: o psicotrópico mais forte que existe. Alucinação gratuita. Em transe, acordado, dormindo, transando.
Fugir. Acelerar o tempo e acordar em outro corpo, em outro mundo. Transmutar-se num ser não-inventado, desconhecido. Como na metamorfose de Kafka, delirar. Conhecer outro meio de vida, outro ritmo de existência. Uma ordem inversa, uma lógica desconhecida.
Ir para o lugar onde mentira signifique verdade e que verdade seja o ar que se respira. Lá só se vive. O único objetivo é amar e ser feliz, assim como aqui só cultiva-se vaidade e desafeto.
Mas estou aqui. Esta é minha dimensão e realidade. O azul é azul, ventilador é ventilador e o mundo está aqui do lado de fora de minha janela.
Durmo, sonho e por alguns instantes fujo, sozinho, para percorrer esses lugares que só terei vagas lembranças ao acordar e encarar a realidade repetitiva e nonsense que significa vida. Ou quem sabe seja tudo ao contrário: sonhar é que é viver. Acordados estamos mesmo é dormindo e vagando sem sentido.
GOstei da frase: Idealizar estímulos no futuro para anestesiar o peso da rotina.
ResponderExcluirFudiloso esse texto! Tu me lembra Walt Whitman, embora eu não seja um grande conhecedor da obra dele.
abração!
Tommy Wine Beer.