sábado, 22 de maio de 2010
Minha Cidade Baixa querida
Através do vidro trincado, olho o horizonte de prédios oprimidos por um céu acizentado.
Procuro o sol esperando vê-lo partir pelas últimas vezes.
Estou indo embora, Cidade Baixa. Lugar que povoou meus sonhos durante toda minha juventude, agora não será mais o meu quintal. Aqui me senti bem porque me senti em casa.
A República cheia de árvores, as mesas na calçada; as tias caminhando com seus poodles convivem no mesmo metro quadrado com hippies, lésbicas, punks, emos, boêmios e bêbados: a CB é o lugar onde todos buscam sonhos, onde se vive diferente . É um bairro do interior no meio da cidade grande.
Sei que Redenção vai continuar ali me esperando para um passeio com um chimas. Mas aí serei um intruso e o lago do dragão não será mais parte da minha casa. Sempre serei um visitante do OCIP ou do zaffari da lima.
Mas mais do que a nostalgia de deixar toda essa atmosfera de liberdade para trás, o que mais incomoda é pensar que estou dando outro passo, amadurecendo mais um pouco. Serei mais responsável, o Van Gogh estará mais longe. Minha rotina será alterada completamente e isso assusta.
Pela janela, o sol começa a querer romper o escudo de nuvens densas e insensíveis.
Lembro de tudo que vivi e das pessoas que conheci na CB. Quantos sonhos tive olhando o pôr-do-sol; quantas tristezas sofri ao vê-lo nascer de novo. Quanto amor vivi ao som da chuva e do vento na altura do décimo andar.
Outro endereço, outra fase. E lá não tem pôr-do-sol.
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